sexta-feira, 27 de maio de 2016

Mourinho no Manuted e o fim das apostas

Manuted anunciou a contratação de Mou.


Demorou, mas os Diabos vermelhos finalmente entenderam que chegou ao fim o período de apostas em técnicos e que o Manchester United precisava de um nome de peso no comando. Especialmente, depois que o vizinho emergente anunciou que vai contar com Guardiola para a próxima temporada.

Dupla responsabilidade: estar à altura de Ferguson
 e tornar o United novamente protagonista na Europa.
Sir Alex Ferguson foi um dos maiores técnicos de todos os tempos. Não só porque conquistou dezenas de títulos com o United, mas porque sabia gerir talentos e tirar o máximo proveito deles em campo. Mourinho era o nome que Ferguson apontava como seu sucessor. Mas, a diretoria Glazzer preferiu um nome menos exótico, com um ego menos inflado. Apostou em Moyes, que vinha de um bom trabalho no Everton, mas que não tinha o perfil vencedor que o time do Manchester exige. Deu no que deu. Uma temporada fraca e o casamento que era pra ser longo, terminou em um litígio repentino.

O Manchester precisava de um nome de peso depois do fracasso de Moyes, mas na época faltavam nomes assim disponíveis no mercado (pelo menos que estivessem dispostos a aceitar o trabalho). Klopp, Guardiola e o próprio Mourinho poderiam ser os que mais interessantes para a torcida. Mas, mas a aposta era Giggs (Para o futuro, claro).

O Manuted investiu um caminhão de dinheiro em nomes como Depay e Bastian Schweinsteiger e trouxe o Van Gaal para administrar as coisas até o Giggs se qualificar. O Holandês tinha dois históricos. Um de ser um técnico experiente e vencedor e o outro de ser um babaca. Tanto, que alguns nomes deixaram o clube por causa dele (Di Maria foi um) e outros nem quiseram se transferir para o Manchester, prevendo atritos com Van Gaal.

A paciência acabou. O Manchester fez uma Premier League abaixo do que se espera de seu elenco e história e afundou na Champions e Europa League por duas temporadas. E olha que coincidência boa, Mourinho finalmente estava livre no mercado.

A aposta continua sendo Giggs. É um jogador que fez praticamente a carreira inteira no Red Devils e pode vir a ser um bom técnico no futuro. Mas, para apagar os resultados pífios das últimas temporadas o Manchester precisa de um nome de respeito e, agora, Mourinho é o cara.

Ele não é fácil, tem um temperamento quase tão difícil quanto o de Gaal. Costuma entrar em conflito com alguns jogadores pelo imenso ego que tem (Lembra da relação dele com o Kaká no Real?). Mas, é inegável que ele tem resultados mais expressivos que o holandês. Desde que assumiu o Porto e levou o time português ao título da Champions, em 2004, a média de aproveitamento de Mourinho tem girado na casa dos 77%.

Assumiu o Chelsea e, se não conseguiu dar a Champions para o clube de Londres, levou pelo menos três Premier Leagues. Foi para a Internazionale e faturou mais uma Champions. No Real, apesar de não ter faturado nenhuma Champions e só ter conseguido vencer uma vez La Liga - muito por culpa do Barcelona de Guardiola, teve números tão expressivos quanto nos anos anteriores. O retorno dele ao Chelasea veio com título na temporada de reestreia (2014-15), mas no ano seguinte o resultado não foi tão bom. Aliás, foi a pior passagem em termos de percentual de aproveitamento. 59,23%, em 136 jogos foram 80 vitórias, 29 empates e 27 derrotas.

Mourinho sempre quis treinar o United, ele mesmo dizia ser o sucessor de Ferguson. Acredito que ele venha motivado para esse trabalho. Um para apagar os resultados abaixo do padrão dele na última passagem pelo Chelsea. O desafio não é simples.

Guardiola vem aí, com o título da Bundesliga na bagagem.
O City tem agora o Guardiola (além de um elenco extremamente qualificado). O Liverpool tem o talentoso Klopp, que na temporada de estreia deixou o time em oitavo na última premier, com 60 pontos. O Arsenal foi o vice-campeão, com 71 pontos, ainda comandado por Wenger (esse não ganha nenhum título desde que o Henry deixou o time). O Chelsea foi só o décimo, com um Guus Hiddink, que nunca foi tão bom quanto Mourinho e tem mais experiência com seleções do que com clubes.

Hiddink vai ter que apresentar resultados bem mais expressivos.
O Leicester fez um campeonato excepcional, na entre safra dos clubes grandes. Digo isso, porque o Wenger não ganha mais nada e enquanto o Arsenal o tiver como técnico vai continuar na espera. O City foi muito abaixo do resultado dos últimos anos e depois da eliminação na Champions já começou a sonhar com o Guardiola. O Manchester nunca foi bem com Van Gaal e estava decidindo se apostava no Giggs ou trazia um nome de peso. O Chelsea fez uma aposta em Hiddink, lembrando de 2009, quando ele ganhou um título e teve 72% de aproveitamento. Mas, na temporada passada ele somou só 50 pontos e 40% de aproveitamento.

Wenger é outro que não ganha nada há muito tempo.
Na temporada 2016-2017, tudo vai depender de quem vai montar o melhor elenco. Com a chegada de Mourinho, o Manchester, que já gastou uma fortuna na chegada de Gaal deve investir ainda mais. Na última janela de transferências estava disposto a gastar muito, talvez agora a combinação Manchester, dinheiro e Mou atraia mais nomes de peso (o clube ainda sonha em ter Cristiano Ronaldo de volta e quem sabe Bale ou Neymar). O Guardiola já avisou quer um time inteiro e Messi sempre foi um sonho antigo do City (será que a presença de Guardiola ajuda a levar o argentino para a Inglaterra). Klopp tem um Liverpool mais limitado em investimentos e o Chelsea um time limitado pelo pragmatismo do Hiddink.

Klopp é um dos técnicos mais talentosos da geração.
De qualquer forma, tudo aponta para uma Premier League extremamente disputada na próxima temporada e novamente o melhor campeonato do mundo. Acho que Mou/Manuted vai dar liga. Se o time segurar De Gea, finalmente comprar Thiago Silva, trouxer um nome de peso para o ataque (CR7, Bale ou Neymar) e mais uns reforço pontuais no meio e nas laterais, tem tudo para faturar não só o campeonato inglês, mas também a Champions. Mas, a concorrência com o City vai ser pesada. Dois times da mesma cidade.

O Leicester fez história, mas dificilmente segura os destaques para a próxima temporada ou repete a façanha.


Abraços,
Vinícius Ferreira.