quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Ode ao Vasco por João Vitor Carvalho

O texto abaixo é de autoria do amigo João Vítor Carvalho, repórter do Diário de Petrópolis. Ele tem 23 anos e é estudante de Jornalismo. O mesmo texto foi publicado no Blog do Ilan, campeão de audiência do portal Globoesporte.com. 
A torcida não abandonou o time e se orgulha de 2011

Querem que eu sinta uma tristeza que não sinto.
E, sobre meus ombros, pôr o peso de um estigma que não resiste à uma breve e pueril consulta histórica.
Querem que eu sinta vergonha pelo meu mérito.
E vendem que minha luta foi em vão.
O Vascaíno não comemora o vice.
Não está orgulhoso da não-conquista.
Não está satisfeito por ter sido eliminado.
O Vascaíno comemora o Vasco.
O Vasco que ele conheceu quando criança.
Voltando a ocupar o espaço que é seu de direito.
O Vasco que briga pelo máximo, sempre.
E por isso é tantas vezes vice.
E por isso é tantas vezes campeão.
Mais uma vez atingimos a honrosa segunda colocação ao final desse Brasileiro.
Feito já obtido outras duas vezes, diante do Inter, em 79, e Fluminense, em 84.
Das sete vezes em que estivemos disputando o título, vencemos quatro.
Em nossas três finais sul-americanas, vencemos todas.
Números que nada Interessam nesse momento.
Momento de se lamentar pela não conquista de um time que merecia, que podia, e que provavelmente usará essa campanha como combustível para as conquistas, naturais, que se seguirão.
Em breve, muito breve.
Não perdemos o campeonato nesse jogo. Você há de se lembrar, sem a necessidade de apontar, de vários pontos jogados pela janela. Tungados pela arbitragem.
Pode até dizer que quatro deles ficaram nos bolsos do Péricles Bassols.
Dirá em vão. Sem razão.
Sempre soubemos que não podíamos depender da sorte decidida pela arbitragem.
Precisaríamos ultrapassar mais essa barreira e não conseguimos.
Cedemos ao cansaço, sem jamais ir a nocaute.
Derrota por pontos. Dois pontos.
Você também pode dizer que o campeonato está armado para o Corinthians.
Argumentação que encontra indícios, ou pelo menos suspeitas, para se sustentar.
Provar? Impossível.
“No creo em las brujas, pero que las hay, las hay”, diria o outro.
Entrar em qualquer discussão é o pior que pode ser feito.
Rebatê-los é trazê-los ao nosso plano, ou, ainda pior, submergir ao deles.
Protagonistas e coadjuvantes não devem se misturar.
Hoje o Vascaíno sente orgulho.
O Vascaíno, eu, comemora o Vasco.
O Vasco que eu conheci quando criança.
Forte, respeitado e temido.
Um dos favoritos a todos os títulos do ano que vem.
Objetivamente falando: temos uma base vice-campeã brasileira, que precisa de reforços absolutamente pontuais, com destaque para contratação de um atacante de melhor nível. Uma ou outra coisa ali, uma composição de elenco, meia-dúzia de dispensas. Só.
Nossas perspectivas são as melhores. E estamos em ascendência técnica, coletiva, individual, institucional, estrutural.
Não nadamos e morremos na praia, como diz o clichê de quem nem a nadar se prestou.
Estamos nadando ainda, a plenos pulmões.
Sem colete salva-vidas, sem “pré-qualquer-coisa-na-bolívia”.
Sem se contentar com “vitória moral”, até porque ela nada significa em um terreno que moral é só uma palavra sem ligação com seu sentido.
Mas eles querem que eu sinta uma tristeza que não sinto e, sobre meus ombros, pôr o peso de um estigma que não resiste aos fatos. Querem que eu me envergonhe do meu mérito e vendem que minha luta é vã.
Eles querem, patéticos, não conseguem.
O Vascaíno comemora o Vasco.
De cabeça erguida.