quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Brasil x México: Vitória dá alento e esperança, mas está longe ser convincente






Se espera muito da Seleção Brasileira e sempre foi assim. Se não ganha, espera-se a vitória (SEMPRE). Se ganha, espera-se goleada (QUASE SEMPRE). E se goleia, espera-se golaços e futebol arte. Sempre espera-se algo, normalmente muito. 


Somos mal acostumados "por natureza" . vivemos um passado de glórias e somos mimados com a vitória, com títulos, com as várias finais de Copas e com as bajulações do mundo todo. "A melhor seleção", "os melhores jogadores", "o futebol arte". E tem muito tempo que isso não é realidade.


O futebol romântico já era. Foi-se a época em que a diferença técnica era tão gritante e que apenas ela servia para ganhar um jogo. É claro que ela ainda faz diferença (vide o Barça, que é técnica + uma excelente preparação físca e disposição tática. Talvez o melhor time da história, por aliar esses três elementos), mas só ela ainda é o principal? Não.


O futebol hoje está muito mais dependente da preparação física e da organização tática. Não é incomum ver um time bem arrumado vencer uma seleção gigante, como era a uma década pelo menos. 


Assim é o México que enfrentou o Brasil hoje e tantas outras do futebol atual. Um time bem organizado, bem montado e que já conta com jogadores em grandes times da europa (o que não é mais exclusividade de Brasil e Argentina).


E falando da partida de hoje, confeso que me surpreendi. O Brasil tem vivido de passado há muito tempo e não se adaptou ao futebol moderno. Quando o Dunga esteve no comando da Seleção, ele tentou montar um time bem organizado táticamente, fugindo das caracteristicas do nosso futebol e se aproximando mais do futebol europeu. E teve sucesso. O time com ele tinha padrão de jogo e faturou tudo que disputou antes da Copa. O problema foi justamente ter perdido a Copa. E brasileiro aceita menos do que ganhar jogando bonito SEMPRE? 


A Seleçao de Dunga tinha a melhor zaga do mundo e era bem organizada. Porém, a ausência do futebol-arte (mesmo que dispondo de um futebol eficiente) foi seu calcanhar de Aquiles. Dunga optou por um sistema que priorizava o setor defensivo, inadimisível em um país acostumado a ser protagonista.


Mano assumiu a Seleção após a Copa com uma tarefa ingrata: resgatar o Futebol arte e ser responsável pela campanha preparatória para a Copa que será realizada no Brasil. Se em 1950, quando o Brasil não tinha nenhum título na bagagem, perder a final em casa foi uma pressão imensa, imagina agora depois de cinco títulos e um ego nas alturas.


Pois bem, ele  vem tentado cumprir o papel que lhe foi incumbido, mas sem muito sucesso. Tem sido mais democrático que o Dunga nas convocações e tentado levar jogadores que podem proporcionar um futebol mais vistoso. Além disso, foi agraciado com a sorte. A geração atual está recheada de jovens talentos (Pato, Neymar, Ganso, Lucas, Damião, Hulk, Marcelo, ... e por aí vai), além é claro dos jogadores que voltaram a desempenhar um bom futebol como Ronaldinho.


No entanto, falta a Mano algo que seu antecessor tinha: a capacidade de organizar o time taticamente, de dar padrão de jogo. E voltando ao início de nossa conversa, isso é fundamental hoje, mais do que o futebol arte. 


Ainda assim, me surpreendi com o que vi da Seleção diante do México. Imaginei que o time de Mano ia dar vexame, o pressentimento era ruim. E começou mal, com aquele desvio infeliz de David Luiz. Mas, o time soube se portar, mesmo com um a menos. Pressionou mais, mesmo sem um time bem armado, mesmo sem jogadas ensaidas e mesmo na casa do adversário. Sem Neymar, que não estava inspirado, venceu. E venceu no talento de Ronaldinho e Marcelo, mostrando força de reação. Foi um fio de esperança faltando quase dois anos e meio para a Copa e sem disputar a eliminatória. 


Numa seleção em que o talento ainda não consegue se aliar à um padrão de jogo convincente, foi um alento a vitória sobre o México. Mais do que as enganosas vitórias que o time vinha tendo. Espero que daqui pra frente a Seleção ganhe cara, que o Mano repita a escalação e consiga dar personalidade para esse time, que ainda está longe de voltar a ser um gigante do futebol mundial.


Abs,
Vinícius Ferreira



_________________________________________________________________________________________________