quinta-feira, 11 de outubro de 2012

A evolução do Flu em 2012 e o caminho para o título


Flu bate o Bahia e vê Atlético-MG tropeçar de novo.







Ontem (10) o Fluminense mais uma vez mostrou força e regularidade. Aguentou a pressão do Bahia, na casa do adversário e matou o jogo nos contra-ataques, com gols de Bruno e Rafael Sobis. Para completar a noite, o Atlético-MG (sem Ronaldinho) perdeu de 3 x 0 para o Inter e viu o Flu abrir 9 pontos de vantagem.

Cavalieri tem sido um dos protagonistas desse time, que é forte também no coletivo.
A campanha do Flu é assombrosa. Nunca antes no Brasileirão dos pontos corridos (desde que passou a contar com 20 times, em 2006), um time somou tantos pontos na 29ª rodada (são 65). O recorde de maior número de pontos foi do São Paulo em 2007 (com 78). O Flu disputa ainda 27 pontos (podendo, caso vença tudo, chegar à 92 pontos). O Cruzeiro em 2002 somou 100 pontos (mas na época haviam 24 times, 46 rodadas, contra 38 rodadas  atuais).

Os números não são bons apenas dentro de casa. Pelo contrário. Com a vitória sobre o Bahia, o Flu acumulou 10 triunfos fora do Rio (já é o maior número de vitórias fora em uma edição do Campeonato Brasileiro. E ainda faltam 9 jogos). Fora de casa o Flu somou 34 pontos (em casa foram 31). Venceu nove jogos em casa. Foi derrotado apenas duas vezes (uma fora e outra em casa) e empatou 8.

Como falar desse Fluminense de 2012 sem usar uma série de adjetivos? A campanha é excepcional mesmo que muitas vezes o futebol apresentado não convença a todos. Foram apenas 9 derrotas no ano, somando os jogos do Brasileirão, Estadual e Libertadores, de um total de 58 partidas disputadas. Foram elas:

Carioca

Fluminense 1 x 2 Boa Vista
Vasco 2 x 1 Fluminense
Resende 2 x 1 Fluminense
Flamengo 2 x 0 Fluminense
Macaé 3 x 1 Fluminense

Libertadores

Fluminense 0 x 2 Boca Juniors
Fluminense 0 x 1 Boca Juniors

Brasileirão

Grêmio 1 x 0 Fluminense
Fluminense 1 x 2 Atlético-GO

Os empates do time de Abel Braga somam 8 no Brasileirão, 4 no Carioca e 2 na Libertadores:

Carioca

Botafogo 1 x 1 Fluminense
Fluminense 1 x 1 Duque de Caxias 
Botafogo 1 x 1 Fluminense
Botafogo 1 x 1 Fluminense

Libertadores

Boca Juniors 1 x 1 Fluminense
Internacional 0 x 0 Fluminense

Brasileirão

Fluminense 1 x 1 Corinthians
Fluminense 0 x 0 Atlético-MG
Fluminense 0 x 0 Internacional
Fluminense 2 x 2 Figueirense
Figueirense 2 x 2 Fluminense
Cruzeiro 1 x 1 Fluminense
Botafogo 1 x 1 Fluminense
Santos 1 x 1 Fluminense

Flu faturou o título do Estadual esse ano. No
campeonato bateu Bota e Vasco de maneira
 incontestável.
É perceptível o processo de evolução do tricolor das Laranjeiras. Começou mal no Carioca, perdendo para clubes pequenos, como: Boa Vista, Resende e Macaé. E nos primeiros clássicos do ano levou a pior contra Fla e Vasco. Mas o time conseguiu se classificar no limite e nos jogos decisivos jogou demais e levou o título mesmo sem a melhor campanha. O Flu precisou fazer apenas dois grandes jogos, em que atuou de forma convincente, ganhando com autoridade para faturar o Carioca: Os 3 x 1 em cima do Vasco na final do primeiro turno, e o 4 x 1 no Botafogo no primeiro jogo da grande Final.

Na libertadores o time já estava mais forte. Um time decidido a mostrar o melhor apenas nos jogos decisivos e que se dá o luxo de jogar o suficiente para ganhar nos demais. Avançou para a fase do mata-a-mata com a melhor campanha da fase de grupos. O grande jogo do Flu na competição foi a histórica vitória na Bomboneira sobre o temível Boca. O time acabou eliminado pelo próprio Boca nas Quartas de Final. 

O melhor jogo do Flu em 2012, na vitória de 3 x 1 sobre o Boca na Bomboneira, pela Libertadores.
No Brasileirão, o início foi conturbado. Uma série de empates, mas o time de Abel sobrevivia sem perder. Foi o último invicto a cair, após perder para o Grêmio de 1 x 0 no Olímpico. Enquanto o Atlético-MG de Ronaldinho e Bernard brilhavam e faturava o primeiro turno, seguido do Vasco de Juninho e Felipe, o Flu seguiu vencendo, mantendo a regularidade. O tempo passou e Atlético-MG e Vasco perderam o fôlego, começaram a tropeçar, enquanto o Flu seguia com aproveitamento espetacular. Até que o Flu finalmente assumiu a liderança. Lugar que parece que ocupará até a 38ª rodada.

Flu cai diante do Grêmio.
Se você analisar os jogos do Brasilerão, em séries de 5 jogos, em que você pode somar no máximo 15 pontos, O Flu fez no máximo 12 pontos, mas nunca fez menos do que 9. Mantendo a regularidade, nessa primeira sequência de 5 já somou 3 (na vitória ontem sobre o Bahia), precisaria vencer mais dois para manter a média de 9 pontos. Se dando o luxo de perder 2 jogos. O mesmo para segunda sequência de 5 jogos. Totalizando 18 pontos, o que deixaria o Flu com 80 no final. O Atlético-MG por outro lado, já somou 15 em uma sequência de 5, mas também não passou de 6. Sendo assim, somando 12 em 10, chegaria a 68. Ele teria que somar 27 pontos (o que significa vencer os próximos 9 jogos, inclusive o líder) para chegar a 83.

Outro tropeço do Flu foi a atípica derrota em casa
para o Atlético-GO.
Mas essa situação de conforto do Fluminense na tabela (9 pontos de vantagem para o Atlético-MG), não foi construída ao acaso Se você analisar os tropeços do Flu, apenas os dois empates contra o Figueirense e a derrota para o Atlético-GO foram vacilos do tricolor. No mais, perdeu para o Grêmio no Olímpico, de 1 x 0 (placar normal contra o terceiro colocado e um time grande), e empatou com Cruzeiro e Santos jogando fora (o que também é um resultado esperado confrontando os times grandes) e empatou em casa contra Inter, Atlético-MG e Corinthians (Resultados também dentro da normalidade). Ainda tem o empate no Clássico contra o Botafogo. Os outros quatro clássicos que disputou no Brasileirão (2 contra o Fla, 1 contra o Vasco e mais 1 Botafogo) venceu (sempre por placares apertados).

Se dá para destacar o ponto forte do Fluminense de 2012, eu descarto a regularidade e fico com a maturidade do time. O Flu não vence apenas por causa da brilhante fase de Diego Cavallieri, ou pelo faro de gols cada vez mais apurado de Fred (artilheiro do Brasileirão com 14 gols ao lado de Luis Fabiano e Bruno Mineiro) ou mesmo pelos passes magistrais e Deco, ou ainda as arrancadas insinuantes de Wellington Nem. É mais do que isso.

1 - O ambiente, mesmo recheado de estrelas, é bom. Sem vaidades e cada um desempenhando seu papel com eficiência. Não obstante, vemos Thiago Neves e Rafael Sobis, sendo coadjuvantes, desempenhando importante papel tático de marcação e armação (um Rafael Sobis que é reserva nesse time);

2 - A maturidade do time em saber esperar o momento certo, não se apavorando com a pressão exercida pelo adversário (como a que sofreu diante de Bahia, Fla e Bota) e tendo a leitura de jogo de saber entender o momento de pressão do adversário, segurando as pontas até que ele canse e se abra para um contra-ataque letal;

3 - A entrega e a disposição tática. O Fluminense não tem se preocupado em jogar bonito (e já provou esse ano que quando se impõe pode ganhar com mais autoridade, vide jogos contra o Vasco e Bota no Carioca e contra o Boca na Bombonera). O Fluminense Sabe aproveitar os melhores momentos da partida e entende seus adversários. Ele dá campo, para que o adversário se insinue, se sinta confiante e se abra. Foi assim nos últimos 3 jogos. Ontem contra o Bahia, depois da pressão do primeiro tempo e dos 15 minutos iniciais do segundo, o Flu começou a valorizar a posse de Bola e matou o jogo em dois lances. Teve ainda chance de ampliar (quando o Bahia já havia se dado por vencido).

4 - Mais do que o brilho individual de Fred e Cavalieri, o Flu é um time de entrega, em que todos tem atuado bem em suas respectivas funções. Fred e Thiago Neves (ontem Sobis nessa posição) voltam sempre para ajudar na marcação. Contra o Fla os dois sairam de campo com câimbras por conta dessa marcação. Ontem foi Sobis que precisou sair graças ao cansaço. Deco foi outro que saiu exauste e que estava sempre presente na roubada de bola ligando os contra-ataques. Jean tem feito um excelente campeonato brasileiro, tanto na marcação quanto no apoio ao ataque. Edinho, o leão de chácara do meio de campo, ontem contra o Bahia, não só protegeu a zaga, como foi o único jogador em campo que não errou nenhum passe (em 20 tentativas). Fora a atuação segura de Gum e Digão. O apoio dos laterais nas jogadas pelas pontas e no retorno para a marcação. 

Em resumo o que posso afirmar é que não é o acaso, a sorte ou apenas o brilho individual que credenciam o Fluminense a levar o título esse ano. Foi um processo de evolução gradual, a maturidade, a entrega dentro de campo, a falta de vaidade e o brilho de seus craques que devem levar o Flu ao tetra campeonato.

Restam agora 9 jogos pela frente:

14/10
DOM
18h30
Brasileirão

Rio de Janeiro
São Januário


17/10
QUA
19h30
Brasileirão

Rio de Janeiro
Engenhão


21/10
DOM
16h00
Brasileirão

Belo Horizonte
Independência


25/10
QUI
21h00
Brasileirão


 NOVEMBRO 


04/11
DOM
16h00
Brasileirão

São Paulo
Morumbi


11/11
DOM
17h00
Brasileirão

São Paulo
Pacaembu


18/11
DOM
17h00
Brasileirão




25/11
DOM
17h00
Brasileirão


 DEZEMBRO 


02/12
DOM
17h00
Brasileirão
Desses nove jogos pela frente, os próximos três serão decisivos. Primeiro é necessário vencer a Ponte no domingo (14), para no mínimo administrar a vantagem. Depois pega o Grêmio (em casa) e o Atlético-MG (Fora). Se conseguir ganhar nos confrontos diretos, pode abrir 12 em relação ao Atlético-MG e 15 sobre o Grêmio, faltando 6 rodadas (após Atlético-MG x Flu), onde podem ser somados no máximo 18 pontos. Amissão não é fácil claro. No primeiro turno, o Flu foi batido pelo Grêmio (1x0) e empatou em casa contra o Atlético-MG (0x0). Mas, tendo em vista a maturidade e a regularidade desse time, fora a fase estupenda de Cavalieri e Fred, sem falar em Deco, Thiago Neves e Wellington Nem, é sim possível.

Abs,
Vinícius Ferreira






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